top of page

Recursos analgésicos durante o trabalho de parto

  • plexusjr
  • 23 de out. de 2021
  • 5 min de leitura

CASO CLÍNICO


P.P.S, 25 anos, G2P1A0C0F0 (segunda gestação, o primeiro parto foi normal, não sofreu nenhum aborto, nem realizou nenhuma cesárea e não teve nenhum uso de fórceps), IG: 39S+2D (idade gestacional - 39 semanas e 2 dias), deu entrada ao serviço de pronto atendimento às 11:30 da manhã com queixa de contrações que se iniciaram por volta das 05:30 da manhã, refere que há dois dias apresenta saída de muco pelo canal vaginal e hoje pela madrugada, o mesmo veio acompanhado com sinais de sangue. Atualmente relata contrações fortes a cada 2 minutos, bem doloridas e presença de perda líquida. Ao exame da equipe obstétrica foi identificado: presença de 2 contrações em 10 minutos, toque vaginal com colo Posterior Longo Médio (PLM) e 3 cm de dilatação cervical, sem a presença de saída de líquido ao exame físico.

Após avaliação, a equipe assistencial solicitou que a gestante permanecesse em observação para reavaliação em 2 horas. Durante este período de observação, a gestante queixou de dores supra púbica com intensidade 5 (Escala Numérica de 0 a 10). Após as duas horas de observação (13:30) a equipe voltou para reavaliar e identificou a presença de 3 contrações em 10 minutos, toque vaginal com colo Centrando Curto Médio (CnCM) e 6 cm de dilatação cervical, sendo assim foi aberto partograma e realizado o procedimento de internação para assistência ao trabalho de parto e parto. Neste momento a gestante apresentava intensidade de dor 8/10 na região supra púbica que abrangia também a região lombar.

Durante o período de internação a parturiente recebeu orientações quanto aos métodos de alívio de dor não farmacológicos e posturas que poderiam auxiliar na evolução do trabalho de parto.

Às 15:30 foi realizado nova avaliação da equipe obstétrica e identificado toque vaginal de 9cm, com rompimento de membranas, altura do polo cefálico em -1). OBS: condições maternas e fetais dentro da normalidade para progressão do trabalho de parto. Neste momento a dor foi classificada 10/10. Meia hora após a avaliação a gestante queixou de dores em região lombar e sacral, vontade de fazer força para “empurrar o bebê” (puxos) e dificuldades de permanecer na posição em pé. Foi realizada nova avaliação e identificado toque vaginal com dilatação total, altura do polo cefálico em +2, gestante optou pelo parto na banqueta de parto evoluindo com sucesso e contato pele a pele imediato.

Diante do caso acima quais os recursos de métodos não farmacológicos para alívio de dor poderiam ser utilizados tanto no período que a gestante estava em observação até o momento do parto?


1. RECURSOS ANALGÉSICOS NÃO FARMACOLÓGICOS

Até o momento, não existe, na literatura, um consenso e evidências muito fortes de quais recursos não farmacológicos são os mais indicados e efetivos para analgesia durante o trabalho de parto. Porém, diversos recursos vêm sendo estudados e utilizados para amenizar a dor e melhorar a experiência de mulheres nesse momento. São eles:

  • Suporte contínuo: conforto e apoio emocional à parturiente: durante todo o processo do trabalho de parto, é muito importante que a mulher receba apoio físico, psicológico e emocional do acompanhante e da equipe, a fim de tornar a experiência do parto de maneira geral a melhor possível e, também, reduzir a percepção e níveis de dor e desconforto.

  • Massagem ou toque: pode diminuir a intensidade da dor, aliviar espasmos musculares, reduzir a fadiga muscular, ansiedade, depressão pós-parto, proporcionar relato de experiências positivas do parto e reduzir intervenções médicas.

Geralmente é realizada nas regiões paravertebrais da coluna lombar e sacral, mas pode ser aplicada em qualquer região que a mulher relatar desconforto.

  • Termoterapia: são utilizadas compressas, toalhas úmidas, bolsas de gel ou banhos para oferecer calor. Este tem um efeito mais curto e imediato no alívio da dor, iniciando seus efeitos em pelo menos em torno de 20 minutos de aplicação.

Já para a oferta de frio, pode-se utilizar gelo triturado ou criomassagem. O efeito do frio é mais prolongado e aumenta o limiar de dor após cerca de 5 a 10 minutos de aplicação.

  • Mobilidade, deambulação e posições verticalizadas: A adoção de posturas verticalizadas favorece a descida do bebê por ação da gravidade. Existem evidências de que a deambulação e as posturas verticalizadas no primeiro estágio do trabalho de parto reduz a duração do trabalho de parto, o risco de nascimento por cesárea e a necessidade de analgesia epidural. Por isso, quando possível, é importante que as mulheres sejam encorajadas e estimuladas a utilizar tais posturas, mas sempre com seu consentimento e escolha.

A mobilidade e a deambulação contribuem para a mobilidade pélvica, também contribuindo para o alívio da dor e redução do tempo de trabalho de parto e parto.

  • Uso da bola: O uso da bola durante o trabalho de parto auxilia na descida fetal devido à verticalização da parturiente, no relaxamento muscular, na progressão do parto e no alívio da dor.

A bola em formato de feijão ou amendoim também pode ser utilizada em posturas deitadas, em decúbito lateral com a bola entre as pernas, ou em decúbito dorsal ou sentada, com uma perna esticada e a outra por cima da bola, desta forma, promovendo uma maior mobilidade da pelve e alívio de dor

  • Banhos de aspersão ou imersão: Utilizado, normalmente com água quente, para relaxamento da musculatura, auxilia na diminuição na duração do trabalho de parto e no alívio da dor, além de trazer uma melhor mobilidade para a parturiente.

  • TENS: Não existem muitas evidências que comprovem a efetividade do TENS, porém, quando há a disponibilidade, é recomendado o seu uso. Esse recurso produz analgesia através da colocação de quatro eletrodos na região entre T10 e L1, e S2 e S4.


  • Técnicas de contrapressão sacral e dupla pressão sacral: essas técnicas podem auxiliar no alívio de desconfortos por favorecer a mobilidade pélvica necessária para a passagem do bebê. Durante a primeira fase do trabalho de parto, a compressão sacral, realizando uma pressão “para baixo e para dentro” em direção ao cóccix, pode ajudar na abertura superior da pelve. Já a dupla pressão sacral pode ser realizada na segunda fase do trabalho de parto, realizando pressões simultâneas nas cristas ilíacas, promovendo redução da pressão dos ligamentos sacroilíacos, auxiliando na abertura do estreito inferior da pelve para passagem da do bebê.

  • Outros recursos: aromaterapia, cromoterapia, acupuntura ou acupressão, yoga, técnicas de relaxamento, musicoterapia, exercícios de respiração.

É importante destacar que não existe uma regra a ser seguida sobre qual recurso utilizar. A parturiente tem total liberdade de escolher qual é o melhor e mais confortável para ela, por isso, cabe ao profissional que a acompanha, dar todas as informações necessárias para que a mulher consiga escolher.


REFERÊNCIAS

Jones, Leanne (1996). Cochrane Database of Systematic Reviews (Reviews) || Pain management for women in labour: an overview of systematic reviews. , (), –. doi:10.1002/14651858.CD009234.pub2


Lawrence A, Lewis L, Hofmeyr GJ, Styles C. Maternal positions and mobility during first stage labour. Cochrane Database of Systematic Reviews 2013, Issue 10. Art. No.: CD003934. DOI: 10.1002/14651858.CD003934.pub4. Accessed 09 June 2021.

HENSLEY, Jennifer G.; COLLINS, Michelle R.; LEEZER, Claire L. Pain management in obstetrics. Critical Care Nursing Clinics, v. 29, n. 4, p. 471-485, 2017. https://doi.org/10.1016/j.cnc.2017.08.007.


Silva, Lia Mota e et al. Uso da bola suíça no trabalho de parto. Acta Paulista de Enfermagem [online]. 2011, v. 24, n. 5 [Acessado 9 Junho 2021] , pp. 656-662. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0103-21002011000500010>. Epub 02 Dez 2011. ISSN 1982-0194.

Cluett ER, Burns E, Cuthbert A. Immersion in water during labour and birth. Cochrane Database of Systematic Reviews 2018, Issue 5. Art. No.: CD000111. DOI: 10.1002/14651858.CD000111.pub4.


Jones L, et al. Pain management for women in labour: an overview of systematic reviews. Cochrane Database of Systematic Reviews 2012, Issue 3. Art. No.: CD009234. DOI: 10.1002/14651858.CD009234.pub2.


Smith CA, et al. Massage, reflexology and other manual methods for pain management in labour. Cochrane Database of Systematic Reviews 2018, Issue 3. Art. No.: CD009290. DOI: 10.1002/14651858.CD009290.pub3.


Hu Y, Lu H, Huang J, Zang Y. Efficacy and safety of non-pharmacological interventions for labour pain management: A systematic review and Bayesian network meta-analysis. J Clin Nurs. 2021 Jun 1. doi: 10.1111/jocn.15865. Epub ahead of print. PMID: 34075656.


Gallo, Rubneide; Santa, Licia; Marcolin, Alessandra, Ferreira Cristine, Duarte Geraldo, Quintana Silvana; Recursos não-famacológicos no trabalho de parto: procolo assistencial. Disponivel em: http://files.bvs.br/upload/S/0100-7254/2011/v39n1/a2404.pdf




 
 
 

Comments


  • Instagram
  • Facebook
  • LinkedIn

Plexus Jr - Empresa Júnior de Fisioterapia.

bottom of page