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Lesão dos músculos isquiotibiais no esporte

  • plexusjr
  • 9 de ago. de 2021
  • 4 min de leitura

Atualizado: 18 de out. de 2021

1) Quais as funções dos músculos isquiotibiais?


Constituem a musculatura dos isquiotibiais (posterior da coxa), o conjunto de três músculos: Bíceps femoral, que se ramifica em cabeça longa e cabeça curta, Semimembranoso e Semitendinoso.


Por serem biarticulares, as principais funções desses músculos são a flexão dos joelhos, extensão dos quadris e leve abdução do membro inferior. Além disso, durante a marcha e corrida esses músculos absorvem energia na contração excêntrica que impede a extensão excessiva de joelho e, em coativação com os músculos que formam o quadríceps femoral, fornecem equilíbrio dinâmico do membro inferior.


2) Quais os principais mecanismos de lesão dos isquiotibiais?


Há dois principais mecanismos de lesão descritos na literatura: lesão por alongamento excessivo e/ou por sprint. Ambos os mecanismos ocorrem por esforço, porém o alongamento excessivo aparecem em comprimentos musculares longos, na fase excêntrica da contração, enquanto o sprint pode ocorrer dentro da faixa normal de trabalho do músculo.


A lesão dos isquiotibiais por sprint envolve principalmente a cabeça longa do bíceps femoral. Essas lesões mostram um maior envolvimento da porção proximal do músculo em relação a distal, onde a junção musculotendínea (aponeurose e fibras musculares adjacentes) é relatada como o local de lesão mais comum. (Huygaerts Shaun, 2020)


Além disso, estudos apontam que aumentos desproporcionais na demanda do músculo BF em velocidades máximas da corrida também pode contribuir para sua maior tendência em sofrer lesões. Higashihara et al. demonstraram que quando a velocidade de corrida aumentou de 80% para 100%, a atividade do bíceps femoral (BF) durante a fase de balanço terminal aumentou em média 67%, enquanto ST e SM mostraram apenas 37% de aumento.


3) Como a fisioterapia atua no tratamento dessas lesões?


A fisioterapia atua desde a fase aguda da lesão até o momento de alta, onde o paciente deve estar em condições de retorno ao esporte.


As etapas do tratamento podem ser divididas em 3, que são:

  • Fase 1 (1 a 4 semanas): Essa fase consiste em proteger o tecido, evitando esforços ou tensões que possam agravar mais a lesão, enquanto também controla a dor e o inchaço fazendo uso de crioterapia e elevação do membro. Outro ponto importante dessa fase é o início precoce de exercícios terapêuticos com baixas velocidades articulares e em amplitudes seguras.

Critério para progressão de fase: Caminhar e trotar levemente sem desconforto e ausência de dor no teste de força (75%) em decúbito ventral com a perna em 90º

  • Fase 2 (2 a 8 semanas): Nesta fase, os exercícios ganham maior intensidade, amplitude e velocidade de movimento articular, e inicia-se os exercícios com enfoque na contração excêntrica e de agilidade. Terapia manual para articulações adjacentes e no tecido muscular para evitar fibrose.

Critério para progressão de fase: Ausência de dor em teste de força (100%) em decúbito ventral com a perna em 45º e também ao trotar (50-70%) para frente e para trás.

  • Fase 3 (4 a 8 semanas): Nesta última fase, o foco é preparar o paciente para o retorno de suas demandas esportivas. São realizados exercícios de agilidade, mudança de direção, aceleração e desaceleração são indicados, assim como exercícios excêntricos.

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4) É possível prevenir lesões dos músculos isquiotibiais?


Antes de responder tal pergunta, segue aqui uma lista (BRADLEY, 2013) dos possíveis fatores de risco para lesões nos isquiotibiais:


Possíveis Fatores de Risco para Lesões nos Isquiotibiais:

  1. Idade

  2. Aquecimento inadequado

  3. Desequilíbrio de força (razão entre isquiotibiais e quadríceps <0.6)

  4. Diferença de força dos isquiotibiais com contralateral (> 10-15%)

  5. Comprimento fascicular do bíceps femoral <10.6 cm (comprimento dos isquiotibiais) - 4x mais risco

  6. Déficit de flexibilidade de quadríceps e isquiotibiais

  7. Extensão de quadril reduzida

  8. Diferença de comprimento entre as pernas - pernas menores possuem os isquiotibiais mais tensos

  9. Déficit de estabilidade do core - má coordenação dos eretores da lombar - 3x mais risco

  10. Mal recrutamento neuromuscular (bíceps femoral assumindo a função do semitendinoso)

  11. Fadiga muscular, levando à hiperextensão do músculo

  12. Desidratação

  13. Histórico de lesão e reconstrução de LCA

  14. Histórico de lesão de isquiotibiais previa - aumento do risco de 200-600%


Os fatores de riscos relacionados à lesão muscular dos isquiotibiais são muito questionáveis. Levando em consideração a tabela, pode-se afirmar que as principais causas de lesão nos músculos isquiotibiais são derivadas de fatores mutáveis, como força, flexibilidade, ADM e controle neuromuscular. Contudo, os melhores estudos demonstram que os principais fatores de risco para lesão dos isquiotibiais são idade do atleta e de um histórico de lesões prévias dos isquiotibiais.


De toda forma, o fisioterapeuta pode atuar na diminuição do risco de atletas terem lesão muscular dos isquiotibiais. Um programa de prevenção adequado deve focar em exercícios de extensão de quadril, que, segundo a literatura, trabalham mais as porções da cabeça longa do bíceps femoral e no semimembranoso, as duas porções que mais tendem a se lesionar; e também em exercícios de flexão de joelho, como o Nórdico*, visto que trabalham mais os músculos semitendinoso e bíceps femoral (cabeça curta).


*Em relação ao exercício Nórdico, diversos estudos relatam a sua eficácia em prevenir lesões de isquiotibiais, contudo, é de extrema importância realizá-lo conjuntamente com outros exercícios inseridos em um programa de prevenção de lesões.

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REFERÊNCIAS


STĘPIEŃ, Karolina et al. Anatomy of proximal attachment, course, and innervation of hamstring muscles: a pictorial essay. Knee Surgery, Sports Traumatology, Arthroscopy, v. 27, n. 3, p. 673-684, 2019.

ARNER, Justin W.; McClincy, Michael P.; Bradley, James P. (2019). Hamstring Injuries in Athletes. Journal of the American Academy of Orthopaedic Surgeons, 27(23), 868–877. doi:10.5435/jaaos-d-18-00741

AHMAD CS, Redler LH, Ciccotti MG, Maffulli N, Longo UG, Bradley J: Evaluation and management of hamstring injuries. Am J Sports Med 2013;41: 2933-2947.

Huygaerts S, Cos F, Cohen DD, Calleja-González J, Guitart M, Blazevich AJ, Alcaraz PE. Mechanisms of Hamstring Strain Injury: Interactions between Fatigue, Muscle Activation and Function. Sports (Basel). 2020 May 18;8(5):65. doi: 10.3390/sports8050065. PMID: 32443515; PMCID: PMC7281534


Erickson LN, Sherry MA. Rehabilitation and return to sport after hamstring strain injury. J Sport Health Sci. 2017;6(3):262-270. doi:10.1016/j.jshs.2017.04.001







 
 
 

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